29 de agosto de 2010

depois de uma longa ausência


De repente começou a ficar com as folhas amarelas, os ramos quebradiços, os pequenos frutos mirrados, caindo um por um, até que a morte se avizinhe certa. É assim que me sinto, como esta laranjeira.

O caminho tem sido longo e cada vez mais penoso, como se tivesse uma corrente a prender-me uma perna à outra. A cada passo que dou a corrente vai perdendo elos, ficando mais pequena, e os meus passos cada vez mais curtos. Acorrentada, encurralada, prisão de mim mesma.

Costumo ter um sonho, recorrente, em que me encontro na plataforma duma estação de comboios deserta. Quando vejo o comboio a aproximar-se reparo que estou no cais errado e corro. Corro, desço umas escadas para voltar a subir outras e alcançar o cais do lado contrário da estação, mas não chego a tempo. O comboio passou sem o poder apanhar. Depois penso para comigo: 'Talvez me tenha enganado, é melhor ficar neste cais à espera do próximo'. Mas acabo sempre por estar do lado contrário e nunca apanhar o comboio.

A mola interior, energia ou força anímica que todos nós temos, tem vindo a perder força, em movimentos de câmara lenta. Tudo parece desligado, des+ligado, e não tenho conseguido re-ligar-me. A terra ainda parece ser o único Lugar onde timidamente o consigo fazer.

"São as águas de Março fechando o Verão"

2 comentários :

Anónimo disse...

Todos passamos temporadas mais dificeis, complicadas... tudo parece vir abaixo e nós parecemos afundar-nos. Força!
Talvez seja, afinal, egoísmo da minha parte, mas habituei-me a visitar o seu blog e a encontrar nele aquilo que gosto na relação com a terra - simplicidade, naturalidade. Já tinha dado conta que tem estado afastada, pensei que estivesse em férias, para fora ... hoje encontrei tanto desânimo.
Fiquei triste.
Se puder ajudar...

Joba disse...

Olá "trumbuctu".
Sinto que alguma coisa se passa. Já visitamos o seu "lugar" à tanto tempo que estas ausências, cada vez mais longas, começam a preocupar. Aparentemente, encontra na terra alegria para viver, portanto mãos à obra, invista na terra, que está a regenerar-se aos poucos e poucos. Mas sabe isso melhor que ninguem, pois quem tem um lugar tão bonito, tem que ter beleza interior e saber perfeitamente o que a anima. Como dizem uns personagens BD de uma série "Estamos cá para ajudar" no que ache necessário para renovar essa alegria. Cpmts .JOBA